O Palácio de São Bento

No século XVI os monges negros beneditinos, que tinham esta designação devido à cor dos hábitos, decidiram aproximar-se da corte e da capital e dirigiram-se para os arredores de Lisboa. Arredores de Lisboa, porque antigamente toda a área da Estrela e de São Bento ainda não era cidade, mas sim campo.

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Campo amplo, com casas pequenas e modestas, um lugar de hortas, vocacionadas para agricultura de autossustento. O primeiro mosteiro beneditino em Lisboa foi construído, em 1572, no alto da colina, no local que o Hospital Militar da Estrela ocupou até 2013.Entretanto, os monges adquiriram a Quinta da Saúde, onde tinham sido acolhidas vítimas da peste negra, em 1569, na atual zona de São Bento.

Em 1598 teve início a construção do Mosteiro de São Bento da Saúde, cuja designação vinha do nome da Ordem, Mosteiro de São Bento, e da Saúde porque era o antigo nome das quintas que os monges quiseram preservar. Nossa Senhora da Saúde ficou a Santa Padroeira do Mosteiro.

Visita virtual ao Palácio de São Bento


O arquiteto monástico Baltazar Álvares projetou um edifício de grandes dimensões que viria a sofrer várias adaptações.

O Mosteiro de São Bento teve no seu passado várias utilizações: foi prisão, hospedaria, sepultura de estranhos, refúgio, depósito de destroços de regimentos militares, academia militar e até patriarcal. Como consequência do sismo de 1755, foi aqui instalado, provisoriamente, o Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Em 1798, o Mosteiro recebeu, como preso do Santo Ofício, o poeta Barbosa du Bocage.

Após a Revolução Liberal de 1820, foi eleita a primeira Assembleia Constituinte (Cortes Geraes e Extraordinarias da Nação Portugueza) que aprovou a primeira Constituição Portuguesa, em 1822. Com a Carta Constitucional de 1826, foram criadas duas câmaras, a dos Deputados – representantes do povo – e a dos Dignos Pares do Reino – representantes do Clero e da Nobreza. Tornou-se então necessário encontrar um edifício que viesse a ser uma casa de política, onde Deputados e Pares do Reino pudessem reunir em simultâneo e com condições. Assim, em 1833, este foi o local escolhido para acolher o Palácio das Cortes, o nome do Parlamento na época.

Foi entregue à Repartição das Obras Públicas a responsabilidade de uma abreviada adaptação do espaço religioso às necessidades das novas funções, sendo aproveitada a Livraria monástica para a instalação da Câmara dos Pares e feita de raiz a Câmara dos Deputados, projetada pelo arquiteto Possidónio da Silva. As salas foram inauguradas com a abertura das Cortes em agosto de 1834.

O incêndio de 1895, que danificou a ala direita do edifício, destruindo a Sala da Câmara dos Deputados, esteve na origem de concurso que selecionou o projeto do Arquiteto Miguel Ventura Terra. Este projeto, além da construção de uma nova sala e respetiva antecâmara – a Sala dos Passos Perdidos –, acabaria por remodelar grande parte do edifício monástico.

Foi no século XX, com o projeto de Ventura Terra, que este edifício sofreu a mais profunda remodelação, quer no interior, quer nas fachadas, conferindo-lhe a imponência considerada adequada a este órgão de soberania – o Parlamento.

Durante os 50 anos em que decorreram as obras, foram construídas também a Escadaria Nobre, a Biblioteca e o Salão Nobre, nos anos 30 e 40 do século XX, concebidos já segundo uma nova conceção estética e utilitária característica do Estado Novo.

Para que se possa experienciar uma viagem no tempo em que se imagine como os vários espaços eram antigamente e se perceba como funcionam e para que servem atualmente, ao longo desta visita são explicadas as várias adaptações efetuadas no Palácio de São Bento.

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